Celebrar as nossas cozinhas imperfeitas

Celebrar as nossas cozinhas imperfeitas

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Episódio #5
Celebrar as nossas cozinhas imperfeitas.

Quantos de nós temos em nossa casa uma cozinha perfeita onde tudo é inspirador e funcional? Provavelmente quase ninguém. Na maior parte das vezes precisamos adaptar espaços que não foram pensados por nós, para funcionarem no nosso dia-a-dia e com as nossas rotinas. Neste episódio partilho algumas dicas de como melhorar a nossa cozinha actual, com investimento mínimo, e fazer as pazes com o que temos.

Porque as melhores conversas acontecem à mesa, vamos sentar-nos a conversar? Estão convidados e se quiserem tragam um amigo também.

Show notes

Criatividade na cozinha que surge do constrangimento

A existência de constrangimentos tem sido, desde há muito tempo, uma espécie de combustível artístico. Tendo sido fotógrafa durante mais de 9 anos, sei que ter constrangimentos de orçamento e condições (desde que não sejam tão restritos que nos impeçam de progredir) costumam ser uma janela de oportunidade para sermos criativos. Encarar isso de forma positiva - quase como um jogo - é meio caminho andado para criarmos coisas maravilhosas.

10 anos numa cozinha a meio gás

Durante 10 anos vivemos numa casa que não tinha quadro eléctrico capaz de suportar o forno e a placa eléctrica a cozinhar ao mesmo tempo. Impossibilitados de mudar a situação devido a constrangimentos de instalação do prédio, entrámos numa dança em que tudo precisava de cozinhar à vez. Ora estava tudo no forno, ora tudo a cozinhar na placa. Era impossível ter o forno a funcionar e a placa a cozinhar ao mesmo tempo, o que nos levou a ter que adaptar a preparação das refeições. Nesses anos, fazer planeamento de refeições e pré-preparações levava muito tempo porque tinha que contar com essas limitações em todas as receitas que fizesse. Não é fácil - e conheço outras pessoas em situações semelhantes - mas é possível adaptar. É possível assar várias coisas ao mesmo tempo aproveitando a energia do forno, fazer uma alimentação mais à base de saladas e coisas que não precisem de cozinhar durante muito tempo e claro, se tiverem essa opção, fazer guisados e estufados lentos no forno fora das horas de ponta na cozinha.

2 anos com um incinerador de comida

Quando mudámos de casa, a cozinha que me esperava tinha um forno e fogão combinado, a gás. Este forno, para além de muito mal isolado, incinerava toda a comida que lá punha. A primeira vez que tentei cozinhar lá alguma coisa, queimou em 7 minutos. Toda as tentativas seguintes terminavam da mesma maneira: comida queimada. E o que é que se faz numa situação destas, perguntam vocês? Compra-se um termómetro de forno para tentar perceber o que está a acontecer.
Depois de umas semanas a utilizar o termómetro aprendi que o forno (cujos indicadores apagados pelo uso no manípulo, tinha 3 temperaturas possíveis: lume brando, lume alto e nuclear), atingia os 250ºC quando estava a meio gás. Depois disso, não é surpresa que toda a comida que lá colocasse acabasse queimada.

Mas e se eu não gostar do aspecto da minha cozinha, há alguma coisa que possa fazer?

Há sempre alguma coisa que se pode fazer quando não estamos bem. Eis algumas ideias que aplicámos nas nossas cozinhas por onde fomos passando:

1. Aplicar vinil nas portas dos armários;

2. Instalar iluminação debaixo dos armários, para ter luz na bancada de trabalho;

3. Cobrir o chão com um tapete bonito que esconda o chão que não gostam;

4. Adicionar plantas e livros de cozinha de forma intencional pode ajudar-vos a sentirem-se mais conectados com a vossa cozinha;

5. Adicionar arte nas paredes;

6. Se for uma opção: pintar as paredes;

7. Para cozinhas pequenas, adicionar um espelho vai ajudar a melhorar a percepção do espaço bem como reflectir luz.

Na imagem 1 podem ver como era a nossa cozinha na casa anterior. Os armários eram de fórmica castanha escura, lisos e já bastante gastos. E já agora aproveito para vos apresentar o incinerador de comida, ali à esquerda com um ar super inocente. Sacanola.
Alterar esta cozinha custou-nos, na altura, 300€. Eis no que gastámos o dinheiro:

1. Tampo de madeira para armário tipo “butchers block” que comprámos na Leroy Merlin. Quando mudámos de casa trouxemos connosco. Este tampo cobriu um armário de apoio à cozinha (fotografia 3) e ao mesmo tempo protegeu um tampo de fórmica branca que já estava bastante gasta;

2. Calhas de iluminação de bancada para extensão da banca e armário de apoio do IKEA. Visível na fotografia 2, 3 e 4. Esta iluminação permitia-nos preparar refeições à noite sem andar a fazer danças à volta da banca para deixar entrar luz e ver se havia lagartas na salada;

3. Vinil autocolante a metro que comprámos na Quero Imprimir;

4. Tapete e lâmpada para candeeiro para uma iluminação mais suave.

Aquilo em que gastámos mais dinheiro foi na iluminação das bancadas, mas ainda hoje tenho saudades daquelas calhas. Adorava a luz que emitiam, transmitiam-me muita calma.
Na imagem 3 conseguem também ver aplicadas outras sugestões que falava em cima: alguns livros de cozinha no armário em baixo (ao qual retirámos a porta para dar lugar aos livros e quando saímos da casa voltámos a colocar tudo no sítio), um quadro na parede e mais alguns items no frigorífico que nos ajudavam a sentir em casa.

Reconhecer o que não gostamos para poder transformar

Como em muitas outras situações da vida, reconhecermos o que não nos serve e empenhar-nos em melhorar pode ser o melhor caminho para chegar a bom porto. O simples acto de escrevermos num papel as coisas que gostaríamos de mudar e definir um orçamento - por mais pequeno que seja - põe o nosso cérebro a funcionar num registo positivo em vez de gastarmos o nosso tempo às turras com a frustração.

E vocês?

Contem-me como é a vossa relação com a vossa cozinha? Dei-vos algumas ideias? Dei-vos coragem para finalmente fazer uma coisa que já andam para fazer há muito tempo?

E pronto, por hoje é tudo. Espero que gostem e qualquer dúvida que tenham podem sempre contactar-me pelo instagram ou por e-mail.