Deixa-me começar pelo início: há cinco anos estávamos a viajar pela Tasmânia e apercebi-me que o pão que comia lá não me agravava a rosácea. Até àquele momento nunca tinha sequer pensado nisso.

A verdade é que aquele pão saboroso, ligeiramente ácido e de crosta estaladiça era maravilhoso e o meu corpo parecia feliz quando o comia. Durante as 5 semanas que lá estivémos comprei (e comi!) muitas variações do mesmo pão e o resultado era sempre o mesmo: digestão fácil e prazer a comer.

Quando regressei a casa vinha obcecada com este pão. Mas há cinco anos havia pouca gente a fazer pão de massa mãe em Aveiro. Então fiz o que qualquer pessoa em privação de sono severa, com uma criança de um ano e meio sem creche, a trabalhar em casa e sem grande apoio familiar não faria: embarquei na viagem de aprender a fazer pão de massa mãe sozinha.

Posso afirmar que me pareceu chegar ao fim da internet à procura de informação, mas não conhecia ninguém com quem aprender. Por isso foi com muita tentativa/erro, a ler o máximo de informação possível e a anotar detalhadamente o processo, que passei da fase dos pães achatados e azedos (a que eu chamava discos voadores) para um pão que dava gosto ver e comer.

Em Dezembro de 2020, depois de responder a muitas mensagens no Instagram e e-mails com dúvidas sobre o pão de massa mãe, decidi gravar um episódio de podcast e fazer um post no blog com algumas dicas e sugestões para ter melhores resultados com o pão. Desde então que recebo e-mails e mensagens com perguntas, dúvidas e angústias de como resolver pães achatados, enqueijados e azedos. 

Confesso que adoro o trabalho de detective de ver as imagens que me enviam do pão, e só pelo aspecto do miolo e côdea conseguir perceber onde se pode intervir para melhorar o pão. Mas comecei a notar que para algumas pessoas, uma aula de pão onde pudessem pôr as mãos na massa, na sua própria cozinha, com as ferramentas que têm disponíveis, iria poupar-lhes meses de aprendizagem.